essas imagens de arquivo carregam memórias de diferentes temporalidades e espacialidades dessa linha sul. são imagens produzidas pelo mesmo Estado que, a partir do século XIX, executou essa obra de socorro público com o trabalho escravizado de diverses retirantes das secas que saiam dos interiores do estado do Ceará em busca de sobrevivência na capital. Não podemos esquecer o quanto esse passado ainda atravessa a vida de diversas cidades ao sul dessa capital que também foram projetadas a margem dessa linha férrea. Isso exige um trabalho de escuta que perceba as rachaduras e os apagamentos desses arquivos que foram produzidos com um olhar de contemplação para um espaço-tempo colonial-capitalista e progressista. Daí um trabalho de pesquisa artística que, mais do que se apropriar desses arquivos, possa também experimentar outros olhares e sensibilidades como fuga desse espaço-tempo de lógica linear e segregacionista.